O Repórter

Beija-Flor e Salgueiro se destacam na última noite de desfiles do Grupo Especial

Por Rafael Max
13 de fevereiro de 2018 às 09:30
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Rafael Max/OReporter.com
A Beija-Flor de Nilópolis fechou os desfiles do Grupo Especial
A Beija-Flor de Nilópolis fechou os desfiles do Grupo Especial

RIO (OREPORTER.COM) - Agora é aguardar a definição na quarta-feira de cinzas. Terminou na madrugada desta terça-feira (13) a segunda e última parte dos desfiles do Grupo Especial do carnaval carioca, na Marquês de Sapucaí. Seis escolas de samba se apresentaram, completando as treze que buscam o tão cobiçado troféu.

Em um espetáculo de grande nível e cuja disputa na apuração promete ser acirrada, Salgueiro e Beija-Flor se destacaram na avenida. Unidos da Tijuca, União da Ilha, Imperatriz Leopoldinense e Portela também estiveram presentes na Marquês de Sapucaí.

Saiba como foi a segunda noite de desfiles do Grupo Especial:

Unidos da Tijuca

Com o enredo, "Um coração urbano: Miguel, o arcanjo das artes, saúda o povo e pede passagem", a agremiação do Borel homenageou Miguel Falabella. A Tijuca contou a carreira do artista, fazendo inúmeras referências aos seus trabalhos na televisão, cinema e teatro.

E assunto não faltou na avenida. Ator, diretor, roteirista, escritor, apresentador e carnavalesco, Miguel Falabella acumulou diversos trabalhos marcantes, grande parte retratados pela Tijuca na avenida.

O destaque ficou por conta da alegoria que relembrou atrações de sucesso em que Miguel Fallabella participou. Cissa Guimarães e Zezé Barbosa apareceram no painel que relembrou o "Video Show", enquanto Aracy Balabanian veio com o visual da personagem Cassandra, do "Sai de Baixo". Já Arlete Salles relembrou o "Toma lá da cá".

Na frente da bateria, Marisa Orth desfilou representando a Magda, do "Sai de Baixo".Ela usou uma coleira com o nome "Caco", personagem de Miguel Falabella.

O próprio homenageado veio no último carro, sendo bastante ovacionado pelo público.

Miguel Falabella foi o homenageado na Tijuca (Foto: Rafael Max/OReporter.com)

Portela

Em seu retorno à Portela após uma passagem como figurinista nos anos 1970, Rosa Magalhães teve a missão de manter a Portela no topo do carnaval carioca. A agremiação de Madureira é a atual campeã junto com a Mocidade e havia conquistado o seu título sob a batuta de Paulo Barros.

Rosa trouxe na avenida o enredo "De repente de lá pra cá e 'dirrepente' daqui pra lá". O desfile fez uma viagem de Pernambuco aos Estados Unidos, contando a história sobre um grupo de judeus que deixou o então território brasileiro dominado pelosholandeses rumo a uma terra desconhecida que viria a se tornar uma das maiores metrópoles do mundo.

A escola não teve dificuldades em contar sua história na avenida. A "viagem" começou trazendo elementos tipicamente pernambucanos, além de lembrar o período em que Pernambuco era holandês. Depois, os índios norte-americanos foram representados, até chegar na Nova Amsterdã, uma cidade fundada por holandeses que serviu como base para Nova York. A Portela retratou os moinhos de vento da holanda e selou com a moderna metrópole representada pela Estátua da Liberdade. Com a presença da própria carnavalesca, última ala retratou os botes com os refugiados que buscam chegar à América do Norte.

Mesmo um pouco mais simples em relação ao carnaval do ano passado, a Portela soube driblar a crise e mostrou que tem condições de repetir a apresentação no sábado das campeãs.

Portela(Foto: Gabriel Monteiro/Riotur)

União da Ilha

Tentando voltar ao desfile das campeãs após quatro anos, a União da Ilha do Governador retratou os sabores brasileiros em "Brasil Bom de Boca". O desfile foi desenvolvido pelo carnavalesco Severno Luzardo.

A agremiação fez um passeio pela culinária brasileira. Na Sapucaí, a escola mostrou as contribuições das culturas europeia, indígena e africana na construção dos sabores conhecidos em nosso país. Além disso, as alegorias exalaram aromas de comida, de frutas ao cafezinho.

Depois, a União da Ilha lembrou dos mais conhecidos pratos do Brasil, do pão de queijo ao acarajé, passando pelo brigadeiro. Um "boteco" foi montado no fim do desfile, trazendo culinaristas famosos como Erick Jacquin e Roberto Ravioli. À frente dos ritmistas, Gracyanne Barbosa desfilou como a rainha de bateria.

União da Ilha (Foto: Dhavid Normando/Riotur)

 

Salgueiro

Em busca de terminar um jejum de nove anos sem títulos do carnaval carioca, a Acadêmicos do Salgueiro exaltou as mulheres negras com o enredo "Senhoras do ventre do mundo", desenvoldido por Alex de Souza.

O Salgueiro pintou a Sapucaí de vermelho ao fazer um desfile arrojado para homenagear as mulheres africanas e brasileiras. A bateria lembrou os faraós do Egito e trouxe Viviave Araújo à frente dos ritmistas. A atriz representou Hatshepsut, rainha da nação africana no período da Antiguidade.

Em suas alas e alegorias, o Salgueiro relembrou rainhas, líderes e personalidades do cenário cultural e artístico. Entre os destaque está a comissão de frente no qual as dançarinas representaram a bênção da maternidade. O abre-alas veio com um forte tom de vermelho, trazendo o "Éden Africano". O fato negativo é que o acabamento na alegoria apresentou falhas após o carro sair do viaduto em direção à Sapucaí.

O Salgueiro ainda visitou o passado distante do Brasil, trazendo os tempos coloniais e imperiais. A escola ainda homenagou as escritoras Maria Firmina dos Reis e Auta de Souza, além da jornalista Antonieta de Barros.

Sem perder o brilho em grande parte do desfile, o Salgueiro segue forte na briga pelo título. Na pior das hipóteses, é presença garantida no sábado das campeãs.

Salgueiro (Foto: Gabriel Monteiro/Riotur)

Imperatriz Leopoldinense

A escola do bairro de Ramos homenageou os 200 anos do Museu Nacional com o enredo "Uma noite real no Museu Nacional", desenvoldido por Cahê Rodrigues. O desfile retratou as exposições do local, trazendo elementos da geologia, astronomia, zoologia, história e arqueologia.

Na comissão de frente, a escola representou um cortejo real e fez uma homenagem a Chiquinho e Maria Helena, casal histórico de mestre-sala de porta-bandeira. Os dois deram passagem para Thiaguinho e Rafaela, atuais representantes do quesito.

Entre os destaques estão o carro "Santuário dos Ossos", retratando os fósseis de dinossauros, além de alegorias que buscaram mostrar a zoologia e arqueologia. Neste setores, a escola apresentou alas representando animais da fauna brasileira e representações do antigo Egito. No entanto, a escola teve que correr na reta final para não estourar o tempo máximo de apresentação.

Imperatriz Leopoldinense (Foto: Fernando Grilli/Riotur)

Beija-Flor

Tentando voltar a ser campeã após cinco anos, a Beija-Flor de Nilópolis veio com o enredo "Monstro é aquele que não sabe amar. Os filhos abandonados da pátria que os pariu", desenvolvido pela sua comissão de carnaval. A agremiação da Baixada Fluminense retratou a realidade brasileira.

Sem apelar para a indignação seletiva, a escola fez um desfile forte ao mostrar os problemas brasileiros sem pudores. A inspiração foi na obra "Frankenstein", o monstro mais conhecido da literatura e do cinema. O personagem foi representado na comissão de frente.

Nas alas seguintes, a escola relembrou o abuso na cobrança de impostos e chegou à corrupção na política brasileira. Além disso, a Beija-Flor retratou os problemas do nosso país, como a violência e a intolerância.

Além disso, a agremiação de Nilópolis trouxe Pabllo Vittar, sucesso da música, em uma de suas alegorias. A cantora Jojo Toddynho também esteve presente, sendo uma das sensações do desfile.

Provando que o desfile foi marcante, a Beija-Flor terminou sua apresentação sob gritos de "É campeã". Mesmo após a bateria parar de tocar, as arquibancadas continuaram a cantar o samba da escola nilopolitana.

Beija-Flor (Foto: Gabriel Nascimento/Riotur)

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