O Repórter

OMS recomenda vacinação em massa de crianças contra malária

Decisão histórica vem após programa piloto com 800 mil crianças

Por OREPORTER.COM
06 de outubro de 2021 às 15:17
Atualizada em 06 de outubro de 2021 às 15:19
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EPA
Crianças da África Subsaariana devem ser as mais beneficiadas com a recomendação da OMS
Crianças da África Subsaariana devem ser as mais beneficiadas com a recomendação da OMS

GENEBRA (ANSA) - A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou nesta quarta-feira (6), pela primeira vez, a vacinação em massa de crianças em áreas que registram alta transmissão de malária. A medida deve beneficiar os países da África Subsaariana e outras regiões que apresentam alto risco para a doença.

"É um momento histórico. A vacina antimalárica, tão esperada para crianças, é um progresso da ciência, da saúde infantil e da luta contra a malária", declarou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em nota.

O imunizante RTS,S/AS01 (com nome comercial de Mosquirix) é produzido pela GlaxoSmithKline (GSK) e é administrado em quatro doses em crianças a partir de cinco meses de idade.

Para o diretor-geral, a distribuição da vacina nos países afetados pela malária "pode salvar dezenas de milhares de jovens todos os anos", considerando que a doença provoca, em média, de 400 mil mortes por ano - sendo a maioria de crianças.

Em 2019, a malária provocou mais de 260 mil óbitos em crianças com menos de cinco anos. Ainda conforme a OMS, 94% das mortes registradas pela doença ocorrem na África.

Criada há cerca de 30 anos, a vacina só teve investimentos mais pesados na última década. O estágio final de testes ocorreu entre 2011 e 2015, sendo que, neste último ano, a pesquisa passou a ser financiada majoritariamente pela Fundação Bill & Melinda Gates. Nessa fase, a fórmula foi testada em sete países africanos.

Os resultados de 2015 mostravam que a vacina conseguia prevenir cerca de quatro em cada 10 casos da malária; três em cada 10 casos graves; e levou à redução em um terço das crianças que precisavam de transfusão de sangue.

Mesmo com a eficácia de 30%, o que é considerado baixo, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) foi uma das que autorizou o uso no continente em 2015 por considerar que os benefícios superam os riscos. E também porque essa é a única vacina do tipo disponível no mundo.

A maior parte das dúvidas sobre a viabilidade do imunizante ocorre por conta da quantidade de doses e do prazo que tem que ser respeitado na aplicação: as primeiras três devem ser dadas no quinto, sexto e sétimo mês de vida, com uma administração de reforço no 18º mês.

A indicação final vem após um programa piloto ter sido iniciado em 2019 em Gana, no Malauí e no Quênia com cerca de 800 mil crianças. O projeto vai continuar em execução para avaliar os resultados na quantidade de óbitos no longo prazo e até atingir as 10 milhões de doses administradas - até hoje, foram aplicadas 2,3 milhões.

Os dados desse programa piloto foram analisados por duas comissões de especialistas da OMS e mostraram que o imunizante é seguro e conseguiu reduzir em 30% os casos graves de malária - assim como tinha ocorrido em 2015. Além disso, não houve nenhum tipo de impacto negativo sobre outras vacinas de rotina aplicadas nessa faixa etária ou em qualquer outra medida para prevenir a doença.

A OMS informou que ainda está finalizando as fontes que ajudarão a custear o envio das doses para as regiões afetadas, mas disse que espera que os países incluam a RTS,S/AS01 em seus calendários nacionais de imunização.

A malária é uma doença infecciosa, que provoca febre e calafrios e é potencialmente grave. Ela é causada pelo parasita Plasmodium e o grau de gravidade depende do tipo de mosquito do gênero Anopheles que infecta a pessoa.

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