BRUXELAS, BEL (ANSA) - Em meio às ameaças e críticas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, os países europeus mostraram união no apoio ao acordo nuclear assinado com o Irã em 2015 durante uma reunião realizada nesta quinta-feira (10).
Além dos EUA, que estavam sob o comando de Barack Obama, assinaram o documento os governos da França, Alemanha, China, Rússia e Reino Unido - além da União Europeia. O grupo ficou conhecido como 5+1 e, até a chegada de Trump, era celebrado por todos por ter diminuído as tensões com o governo iraniano.
"O foco de hoje foi sobre a plena atuação do acordo nuclear iraniano. A União Europeia mantém sua posição, a de que ele funciona e é crucial para a segurança do mundo. Continuaremos empenhados para a sua plena atuação", disse a alta representante europeia para a Política Externa e Segurança, Federica Mogherini.
Além de Mogherini, participaram da reunião desta quinta os representantes dos três países que assinaram o acordo e o ministro das Relações Exteriores do Irã, Javad Zarif.
Após o encontro, a postura do chanceler francês, Jean-Yves Le Drian, foi mais dura contra Trump ao afirmar que "não há alternativas ao acordo nuclear". "O Irã está cumprindo-o e não vemos razões para rompê-lo. Todos devem respeitá-lo, incluindo os amigos norte-americanos", disse o francês.
O mesmo tom foi adotado pelo ministro das Relações Exteriores da Grã-Bretanha, Boris Johnson, que ressaltou que a postura de seu país "sempre foi muito clara".
"O acordo nuclear iraniano é um acordo crucial que torna o mundo mais seguro. É vital que continuemos a trabalhar com os parceiros europeus para preservar o acordo", destacou o britânico.
- Protestos e denúncias: No entanto, todos os representantes europeus informaram que foram debatidos temas internos do país, como os recentes protestos contra Teerã e as denúncias de corrupção e violação de direitos humanos.
"Concordar [como o pacto] não significa que escondamos as outras questões que estão em desacordo. É preciso falar sobre os outros sujeitos, mas em outra sede e mantendo escrupulosamente o acordo iraniano", destacou Le Drian.
Johnson destacou que "claramente" há áreas em que os três representantes europeus não concordam com Teerã, "como sua ação para desestabilizar a região e seu programa de mísseis balísticos". Segundo o representante do Reino Unido, isso "constitui uma parte importante de nossas conversas".
"Vou esclarecer com Zarif que o direito de manifestações pacíficas é central em qualquer sociedade próspera", acrescentou Johnson.
A reunião de hoje pode ser vista como uma forma de acalmar os ânimos iranianos após as frequentes ameaças de Trump de vetar ou sair do acordo. Já classificado como o "pior do mundo" pelo magnata, o governo norte-americano chegou a fazer uma análise sobre o documento, mas o manteve porque não foram encontrados problemas por parte dos iranianos.
No entanto, com a onda de protestos, Trump voltou a ameaçar Teerã usando o argumento do acordo nuclear - o que irritou os líderes do país islâmico. China e Rússia, por sua vez, sempre mantiveram seu compromisso com os aliados iranianos.