O Repórter

Mais de 250 mulheres foram vítimas de violência por dia no Rio em 2020

De acordo com o ISP, mais de 61% dos casos aconteceram dentro de uma residência

Por Redação...
08 de março de 2021 às 11:00
Atualizada em 08 de março de 2021 às 12:02
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RIO (OREPORTER.COM) - O Instituto de Segurança Pública divulgou dados sobre violência doméstica no período de isolamento social no Rio de Janeiro. Desde a primeira edição do decreto para combater a propagação do coronavírus, em 13 de março de 2020, até o dia 31 de dezembro, mais de 73 mil mulheres foram vítimas de algum tipo de violência no estado. Portanto, isso significa que 251 mulheres foram vitimadas por dia durante esse período.

Esses dados significam uma redução de 27% das ocorrências no mesmo período de 2019. Para o ISP, o índice pode representar uma subnotificação por causa das restrições implementadas na pandemia. Para termos de comparação, em janeiro deste ano, o número de mulheres vítimas chegou a 12.924, mais próximo do patamar do mesmo mês de 2020 (10.878). Em maio de 2020, um dos meses com maior taxa de isolamento social, as delegacias da Secretaria de Estado de Polícia Civil só registraram 4.903 casos de violência contra a mulher, uma queda de mais de 50% se comparado com janeiro do mesmo ano.

De acordo com os dados coletados pelo ISP, mais de 61% das ocorrências ocorrem dentro de casa. No período completo de isolamento, houve um aumento de percentual nos crimes mais graves dentro de residências.  Para Violência Física, o percentual aumentou de 60,1% em 2019 para 64,1% em 2020. Para Violência Sexual, uma variação ainda maior: de 57,7% em 2019 para 65,6% em 2020.

"Nossas analistas perceberam que a redução no número de mulheres vítimas pode estar muito mais relacionada à uma subnotificação. Tivemos uma queda importante no número de registros de ocorrências na Polícia Civil na comparação com 2019. No caso do Disque-Denúncia, por exemplo, houve queda de mais de 20% nas ligações sobre violência contra a mulher. Acreditamos que essas mulheres, muitas vezes, por estarem confinadas no mesmo ambiente dos agressores, não puderam procurar os órgãos que tradicionalmente as oferecem ajuda. Isso mostra o tamanho do desafio do Estado no enfrentamento a um tipo de violência que acontece intramuros e que, muitas vezes, é normalizada. Precisamos acolher essas mulheres e mostrar que elas não estão sozinhas. É muito importante que a nossa sociedade entenda a importância da denúncia desses crimes", disse afirmou a diretora-presidente do ISP, Marcela Ortiz.

Na lista das localidades com maior número de casos estão: Cidade de Deus (32ª DP) e Campo Grande (35ª DP), na Zona Oeste do Rio; e  Austin, em Nova Iguaçu (58ª DP), na Baixada Fluminense. 

Em relação ao feminicídio, 65 mulheres foram mortas entre 13 de março e 31 de dezembro de 2020. Na cidade do Rio de Janeiro, Campo Grande ocupa, ao lado do bairro Caonze, em Nova Iguaçu, o primeiro lugar no ranking estadual com maior número de casos de feminicídio. Cada um registrou quatro vítimas ao longo dos dez meses analisados. Os registros foram menores que em 2019, quando 73 mulheres foram mortas.

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