RIO (OREPORTER.COM) - "Oh... 58 foi Pelé...". É assim, que começa um canto adotado pea torcida brasileira na Copa do Mundo da Rússia 2018. Foi quando o nosso país provou ter talento na bola no pé e conquistou o mundo pela primeira vez. E isso já faz 60 anos.
O Brasil já havia chegado perto do troféu em 1938 e 1950 - esta com uma traumática derrota em casa, contra o Uruguai -, mas o torcedor teve que esperar até 29 de junho de 1958 para, enfim, soltar o grito de "é campeão".
E foi nesse time que Pelé despontou para a majestade, além dos bilhos de nomes como Vavá, Zagallo e Garrincha. O gesto de levantar a taça de campeão foi criado pelo capitão Bellini, algo que é repetido até hoje
Hora de conhecer um pouco sobre as curiosidades do Brasil na Copa do Mundo de 1958:
No dia 21 de maio, o Brasil fez um amistoso contra o Corinthians. Pelé já jogava de titular, mas se machucou naquela partida e foi substiuído por Vavá. Chefe da delegação, Paulo Machado de Carvalho insistiu no nome do menino do Santos e bancou a vinda do jogador para a Suécia.
Já no Mundial, Dida foi o nome do ataque durante o primeiro jogo, mas jogou mal e deu lugar a Vavá na segunda rodada. Pelé se recuperou a tempo e entrou no terceiro jogo, logo na vitória por 2 a 0. Foram dois gols de Vavá naquela partida, iniciando a guinada rumo ao título - a equipe brasileira tinha empatado por 0 a 0 contra a Inglaterra no jogo anterior.
Como você vê Copa do Mundo atualmente? Certamente pela televisão e conferindo os melhores momentos pela internet (ou até mesmo vendo os jogos ao vivo pela grande rede). Só que, em 1958, as coisas não eram bem assim. A telecomunicação via satélite ainda estava engatinhando na Europa - o satélite Sputnik III foi lançado neste mesmo ano, possibilitando que as emissoras de televisão passassem os jogos para o Velho Continente. No entanto, esse tipo de transmissão ainda era impossível para os sul-americanos.
Só restava o bom e velho rádio para os brasileiros acompanharem em tempo real as emoções daquela Copa do Mundo. O narrador de rádio Braga Júnior conta, em uma antiga entrevista à Folha de S. Paulo, que as transmissões chegavam via transmissores Single Side Band (SSB). E era um "negócio feito às cegas", já que não havia retorno e não tinha a certeza se a transmissão estava sendo feita com qualidade. E, claro, a recepção não era boa para os brasileiros.
"Era uma espécie de sanfona, o som aumentava e diminuía. Você não ouvia como hoje, que não tem interferência nenhuma", disse.
Já a televisão ainda engatinhava no Brasil. A telinha havia surgido por aqui em 1950, e a TV Tupi foi a responsável por levar as imagens daquele Mundial. Mas com atraso, já que o conteúdo chegava através de filmes 16mm - a Copa do Mundo só seria transmitida ao vivo para os brasileiros a partir de 1970.
Nem a seleção de 1958 foi poupada as críticas dos torcedores antes da Copa do Mundo. O time ia bem e fez uma goleada de 5 a 1 contra o Paraguai no Rio de Janeiro, mas um empate por 0 a 0 contra o mesmo time frustrou os torcedores paulistas que foram ao Pacaembu. Tanto que a equipe acabou vaiada antes mesmo de acabar o jogo.
Na partida, Didi e Zagallo se machucaram e foram substituídos por Moacir e Canhoteiro. Além disso, houve um pênalti não marcado pelo árbitro Venceslau Zarate. O jogo foi realizado em 7 de maio de 1958.
Era apenas um jogo-treino com dois tempos de 35 minutos, mas o rubro-negro carioca teve o gosto de derrotar a seleção que viria a ser campeã mundial. Na primeira etapa, um empate de 0 a 0 com a formação reserva, mas o jogo terminou em vantagem de 1 a 0 para o time da Gávea quando a equipe verde e amarela veio para o segundo tempo com a equipe considerada a titular. A partida foi realizada em 11 de maio de 1958.
Muita gente estranha ao saber que o goleiro titular do Brasil usou a camisa 3. Além disso, Garrincha, que habitualmente vestia a 7, jogou com a 11 durante o Mundial. Não há uma razão oficial para isso, mas o que se sabe é que a Confederação Brasileira de Desportos (CBD) não enviou a relação dos atletas com a numeração a tempo. Então, a Fifa distribuiu os números para os jogadores à sua maneira.
Pelé saiu daquela competição como o principal goleador brasileiro, com seis gols marcados. Como destaque estão as atuações contra País de Gales - quando marcou o único tento durante as quartas de final - e nos três gols durante a semifinal contra a França. Ídolo do Vasco, Vavá fez cinco, sendo dois na final contra a Suécia
Ao todo, o Brasil saiu daquela disputa com 16 gols marcados e apenas quatro sofridos. Foram cinco vitórias, um empate e nenhuma derrota.
Com quatro gols sofridos, o Brasil saiu daquela disputa com a defesa menos vazada daquela disputa. Os responsáveis? O goleiro Gilmar, do Corinthians, e os zagueiros Orlando e Bellini, do Vasco. A defesa ainda contava com o lateral De Sordi, do São Paulo, que foi substituído na final por Djalma Santos, da Portuguesa. Na esquerda, Nilton Santos, do Botafogo, reinou absoluto nos seis jogos do Brasil.
O gesto de levantar a taça de campeão sobre a cabeça veio pela primeira vez com o capitão Bellini, em 1958. Na verdade, a atitude teve apenas um motivo: exibir o troféu para os fotógrafos que cobriam a partida final contra a Suécia.
Desde então, os capitães dos times vencedores repetem esse gesto. Mauro (1962), Carlos Alberto (1970), Dunga (1994) e Cafu (2002) foram os brasileiros que tiveram essa honra após Bellini.
Os suecos deram um susto no Brasil na final ao abrirem o placar aos quatro minutos, com Liedholm. O meia Didi não quis que os jogadores se intimidassem e logo disse:
"Vamos lá, acabou a moleza, vamos encher esses gringos de gols".
Vavá não perdeu tempo e empatou aos nove, virando aos 32. No segundo tempo, Pelé marcou aos dez minutos e Zagallo aos 23. Simonsson descontou aos 35, mas Pelé fez na reta final e deu números finais à partida.
Foi a primeira vez que o Brasil jogou de azul, já que os donos da casa não abriram mão do amarelo. E ela veio na base do improviso, pois a cor branca - outro tom habital nas camisas da seleção - lembrava a derrota da Copa do Mundo de 1950. E por sugestão de Paulo Machado de Carvalho surgiu o azul, o tom do manto que cobre a imagem de Nossa Senhora Aparecida.
“Falaram que era o manto de Nossa Senhora, para quebrar aquela coisa de azar com a cor da camisa. Foi azul porque a Suécia jogava com camisa amarela. A camisa foi feita lá. Apenas o bordado foi tirado e colocado de improviso. Acabou sendo uma alegria para nós”, disse Zagallo em uma entrevista para a Rede Globo em 2010.
E foi assim que o técnico Vicente Feola armou o Brasil para aquela final: