O Repórter

Análise: Sem Neymar, Tite teve que se reinventar na Copa América

Por Rafael Max
09 de julho de 2019 às 13:30
Atualizada em 17 de janeiro de 2021 às 16:22
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Fotos: João Gama/OReporter.com
Tite comandou o Brasil rumo ao título da Copa América
Tite comandou o Brasil rumo ao título da Copa América

Tite teve que sair da mesmice para fazer o Brasil ser campeão da Copa América 2019. Mas demorou bastante até que o treinador arrumasse o time na busca para faturar o troféu em casa.

Na convocação para a Copa América, muita gente torceu o nariz. Era um time com muitas caras que já estiveram presentes na Copa do Mundo de 2018. Além disso, a ausência de nomes como Fabinho, do Liverpool, e Lucas Moura, do Tottenham, que jogaram bem na Liga dos Campeões, fez aumentar ainda mais a desconfiança do torcedor.

Questionado desde a Copa do Mundo de 2018, Neymar foi outro nome que o torcedor torceu o nariz assim que foi chamado. Parecia mesmo um voto de confiança do treinador, pois o atacante ainda era o principal rosto do futebol brasileiro. A imagem do jogador, porém, ficou ainda mais abalada com uma suposta acusação de estupro, notícia que caiu como uma bomba na preparação para a Copa América. Além disso, o jogador acabou cortado logo após se machucar durante o amistoso contra o Catar. 

Tendo que organizar um time sem o seu principal jogador, Tite voltou a apostar em um nome que confiava e chamou Willian, que passou despercebido pelo Chelsea na temporada 2018-19. 

E o Brasil entrou em campo na Copa América com uma formação que parecia ainda necessitar da presença de Neymar. O decepcionante empate contra a Venezuela - com direito a um "ahn?!" do narrador Galvão Bueno ao receber a notícia de que Fernandinho entraria em campo - fez o Brasil acender o sinal de alerta. E aí Tite teve que se reinventar e sair da zona de conforto.

Para a partida contra o Peru, o Brasil veio com uma formação ofensiva diferente dos dois primeiros jogos. Inicialmente na reserva, Everton foi alçado como titular, assim como Gabriel Jesus. A goleada contra os peruanos por 5 a 0 foi o impulso para que a equipe verde e amarela entrasse no caminho do título.

Gabriel Jesus, inclusive, foi mais um que superou as críticas para se destacar na Copa América. Marcou contra a Argentina e na final contra o supreendente Peru, que reagiu após perder para os brasileiros na primeira fase e eliminou as poderosas equipes do Chile e Argentina antes de chegar à decisão.

O fato de Tite sair da zona de conforto e saber mexer na seleção quando mais necessitava foi fundamental para que o Brasil conseguisse a vitória em casa. Mas o Brasil ainda terá trabalho se quiser fazer uma boa campanha na Copa do Mundo de 2022. O treinador ainda precisará continuar o processo de renovação após a decepcionante campanha no Mundial passado.


Daniel Alves ergueu a taça de campeão e foi considerado o melhor jogador da Copa América

Curiosamente, em meio aos apelos de renovação, um experiente nome pode ser o fio condutor em busca da vaga na Copa do Mundo do Catar. Daniel Alves, de 36 anos, se tornou o símbolo da campanha do título da Copa América, demonstrando disposição do início ao fim do certame. Ainda sem um concorrente à altura, o lateral segue firme e foi um dos poucos que passou a competição do Brasil sem receber qualquer questionamento. Talvez o time necessite de um experiente comandante para uma jovem seleção.

*Rafael Max é jornalista de OREPORTER.COM e cobriu a Copa América Brasil 2019

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