O Repórter

Poder ofensivo faz o Flamengo fechar o turno do Brasileirão na liderança

Por Ralph Guichard | OREPORTER.COM
19 de setembro de 2019 às 10:00
Atualizada em 18 de setembro de 2019 às 22:38
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Fotos: divulgação/Flamengo
Gabigol é o artilheiro do Brasileirão, com 16 gols
Gabigol é o artilheiro do Brasileirão, com 16 gols

RIO (OREPORTER.COM) - Após pelo menos três anos esbanjando um orçamento recheado para grandes contratações no futebol, o Flamengo parece finalmente ter encontrado dentro de campo um reflexo do poder econômico. Embora o clube tenha sido eliminado da Copa do Brasil e conquistado apenas o Campeonato Carioca no primeiro semestre, o rubro-negro carioca conseguiu fechar o primeiro turno na liderança do Brasileirão, mostrando um futebol consistente, também, para chegar à semifinal da Copa Libertadores. Com 42 gols em 19 jogos, o ataque é o principal catalisador para que a qualidade do jogo tenha evoluído tanto em relação a outros tempos no principal torneio de pontos corridos do país.

A pontaria está tão afiada que o Fla possui, com sobras, o melhor ataque do Campeonato Brasileiro. O número ultrapassa em 12 o segundo e o terceiro colocados, tanto na tabela quanto no fundamento, Palmeiras e Santos. Para isso, o time deve agradecer as atuações inspiradas da dupla Gabigol e Bruno Henrique, responsáveis por mais da metade dos triunfos. Juntos, os dois balançaram as redes 23 vezes. Isso sem esquecer um auxílio e tanto de um meia que, além de criar as jogadas, ainda está com o faro de artilheiro apurado. Arrascaeta não só marcou oito vezes como é também o terceiro goleador da competição, atrás apenas do próprio Gabriel Barbosa e de Gilberto, do Bahia.

Embora a defesa tenha sido vazada 18 vezes, mais do que outros cinco adversários diretos pelo título, o setor também passou a oferecer uma segurança maior para que o ataque pudesse avançar de maneira mais solta. E isso, especialmente, se deve à chegada de novas peças, que serviram para ajustar posições que já deram muita dor de cabeça aos torcedores. Apesar da idade avançada, Rafinha e Filipe Luís conseguiram apoiar com mais qualidade sem comprometer a marcação. O lateral-esquerdo, porém, demorou mais tempo para se adaptar e ainda precisa melhorar, especialmente, a qualidade dos passes, uma vez que o nível de exigência tende a aumentar com confrontos mais duros e que exijam um maior vigor físico. A última derrota da equipe no torneio, aliás, foi justamente na estreia do atleta, que não foi feliz na goleada sofrida diante do Bahia, em agosto.

Vale ressaltar, ainda, a grande surpresa que foi a regularidade de Pablo Marí. Desconhecido do grande público, o espanhol não só substituiu Léo Duarte, vendido ao Milan, à altura, como trouxe maior segurança defensiva. O desafio agora, contudo, é parar os goleadores adversários sem uma ajuda oriunda do meio de campo que foi fundamental no primeiro turno: Cuellar. Sem o volante, que deixou o clube recentemente, o técnico Jorge Jesus tem optado por Willian Arão mais recuado, além de lançar Piris da Motta em algumas ocasiões. Nenhum dos dois, porém, tem a mesma qualidade defensiva do colombiano, formando uma pequena brecha em um elenco tão equilibrado.

E por falar em Jesus, o treinador português parece ter deixado para trás um início um pouco perturbador, em função de algumas ideias diferentes, para uma lua de mel com a torcida e com a crítica especializada. Além de metodologia própria em treinamentos e preparação para as partidas, com o auxílio luxuoso de mais sete auxiliares estrangeiros contratados a pedido do "mister", o português tem lançado um esquema de jogo solto, com liberdade criativa para os meias mais ofensivos e, em especial, para os atacantes.

Por outro lado, Jesus, Gabigol, Arrascaeta e sua trupe ainda precisam manter o bom futebol no segundo turno para garantir o que de fato vale para carimbar o sucesso: o título. E para isso, além de se manter livre de lesões, suspensões e conseguir substituir as estrelas que, cada vez mais, serão desfalques quando chamadas às seleções, o Flamengo precisa conter a ascensão do Palmeiras no confronto direto, clube com poder de investimento financeiro semelhante e que, com novo técnico, parece ter reencontrado o caminho das vitórias. Além do alviverde, o Santos, última vítima do Fla, ainda está próximo na tabela, não podendo ser desprezado.

Em síntese, o Flamengo apresenta atualmente um nível de futebol semelhante e até superior a de outros campeões nacionais em anos anteriores. É preciso neste momento, todavia, manter a humildade e a consciência de que a velocidade e o talento de jovens talentos, às vezes, acabam chegando em condições muito próximas a de atletas tarimbados. Por isso, nada está garantido e o segundo turno promete 19 rodadas de muitas emoções, não só para rubro-negros, mas para os apreciadores do bom futebol.

Será que, depois de 10 anos, o Flamengo voltará a comemorar um título de Campeonato Brasileiro?

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