O Repórter

Bruce Springsteen apaixona brasileiros em show memorável

Por Ralph Guichard | OREPORTER.COM
22 de setembro de 2013 às 04:05
Atualizada em 19 de agosto de 2022 às 11:08
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Fotos: I Hate Flash
Bruce Springsteen entrou para a história do Rock in Rio com uma apresentação de grande destaque
Bruce Springsteen entrou para a história do Rock in Rio com uma apresentação de grande destaque

RIO DE JANEIRO (O REPÓRTER) - Se o povo brasileiro ainda não conhecia Bruce Springsteen & the E Street band, certamente já foi apresentado e até passou a fazer parte da família. Em um show épico na madrugada deste domingo (22), o cantor norte-americano deu uma aula de carisma em quase três horas de apresentação no Rock in Rio. O artista desceu incontáveis vezes até o público, com quem fez questão de dividir o triunfo.

Ao contrário do que a maioria dos artistas costuma fazer, Bruce já subiu ao palco Mundo com um agrado especial. Assim como havia feito em São Paulo, abriu o espetáculo com o clássico "Sociedade Alternativa", de Raul Seixas. O fato caiu na dose certa, uma vez que o laço de confiança dos espectadores foi construído naquele momento.

"Rio, the E Street band viajou milhares de quilômetros para estar aqui hoje e fazer uma pergunta: vocês estão sentindo o astral?", indagou Bruce, em português, obtendo um sonoro sim como resposta.

Logo de cara, o cantor já demonstrava que estava louco para sentir o calor humano dos brasileiros. Apesar da companhia digna dos músicos, que brilhavam nos arranjos musicais, Springsteen corria de um lado para o outro, saudando o povo. No auge dos 63 anos, ele desceu inúmeras vezes, chegando a debruçar na grade de proteção.

E nem mesmo os funcionários que estavam de serviço escaparam das brincadeiras. Em uma das caminhadas na passarela, Bruce apertou a mão de um segurança. Em outra situação, deitou em um câmera de televisão, que sorriu e passou a filmá-los.

Sempre de olho em alguém para brilhar, o artista não se contentava em ser a estrela. Ele procurava, a cada canção, colocar um anônimo na posição de protagonista. Durante o hit "Waitin'on a sunny day", avistou um pequeno menino e colocou o microfone em suas mãos. O jovem deu conta do recado e cantou tudo direitinho, arrancando muitos aplausos.

Mas várias outras pessoas também tiveram momentos de fama. Em "Dancing in the dark", saiu recrutando voluntários para fazer a festa em cima do palco. Foram selecionados pelo próprio líder um homem e quatro mulheres. Todos ganharam cumprimentos especiais e formaram uma banda, uma vez que Bruce entregou o próprio violão para uma das fãs.

Quando todos achavam que a energia do artista já havia se esgotado, o músico surpreendia. Em todos os mínimos intervalos, ele mergulhava a cabeça dentro de um balde d'água, chamando a atenção. Depois da fisionomia de cansado, logo corria como um atleta. Qualquer objeto que surgia pela frente virava uma escada. Bruce chegou a dançar em cima de um piano e a se equilibrar em uma caixa de som.



O ritmo das músicas, que variava entre o folk, o country e o rock, fazia o público dançar e se contagiar cada vez mais. A sintonia era tão grande que, mesmo após duas horas de apresentação, a multidão ainda queria mais. No fim, o clássico "Twist and shout", dos Beatles, contagiou a massa. E já que o astro adora quebrar protocolos, a organização do evento também aprontou. Durante o que seria a última música, resolveu liberar os fogos de artifício que geralmente são lançados no encerramento do dia. Bruce gostou tanto que, mesmo cantando, chamou toda a banda para a beira do palco, apontando sorridente para o espetáculo pirotécnico.

"Obrigado, Brasil! Obrigado, Rio! Nós amamos todos vocês!", afirmou Bruce ao final.

Certamente, a recíproca era mais do que verdadeira. No entanto, em uma exibição tão marcante e carinhosa, nada como retornar para o bis. Sozinho, o cantor voltou e fechou para valer com voz, violão e gaita em "This hard land".

E com o relógio marcando 3h da madrugada, Bruce Springsteen deixou de vez o palco. Ele com certeza não sairá, entretanto, da memória de quem permaneceu na Cidade do Rock até o final do show, que já pode ser considerado parte da história da música no Brasil.

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