O Repórter

Papa alerta contra 'falsos messias' e 'sereias do populismo'

Por Agência Ansa
13 de novembro de 2022 às 09:33
Atualizada em 13 de novembro de 2022 às 09:41
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EPA
Pontífice assegurou que a melhor resposta é 'construir um mundo mais fraterno'.
Pontífice assegurou que a melhor resposta é 'construir um mundo mais fraterno'.

VATICANO - Por ocasião do "6° Dia Mundial dos Pobres", celebrado neste domingo(13) o papa Francisco fez um alerta contra "os profetas da desgraça" e o encantamento pelas "sereias do populismo".

O Pontífice denunciou ainda a "pobreza que mata", imposta por uma lógica centrada no "lucro".

"Fazemos nosso o forte e claro convite do Evangelho para 'não sermos enganados'. Não ouvimos os profetas da desgraça; não nos deixemos encantar pelas sereias do populismo, que explora as necessidades do povo propondo soluções demasiado fáceis e precipitadas", apelou o religioso.

Francisco pediu para os fiéis não seguirem "os falsos 'messias' que, em nome do ganho, proclamam receitas que servem apenas para aumentar a riqueza de poucos, condenando os pobres à marginalização".

Segundo ele, "quando a única lei passa a ser o cálculo do lucro no fim do dia, deixa de haver qualquer travão à adoção da lógica da exploração das pessoas: os outros não passam de meios".

Desta forma, "deixa de haver salário justo, horário justo de trabalho e criam-se novas formas de escravidão, sofridas por pessoas que, sem alternativa, têm de aceitar esta injustiça venenosa, a fim de ganhar o sustento mínimo".

O 6° Dia Mundial dos Pobres é celebrado anualmente no penúltimo domingo do ano litúrgico. Neste ano, ocorre sob o tema "Jesus Cristo fez-Se pobre por vós".

"A pobreza que mata é a miséria, filha da injustiça, da exploração, da violência e da iníqua distribuição dos recursos.

É a pobreza desesperada, sem futuro, porque é imposta pela cultura do descarte que não oferece perspectivas nem vias de saída", alertou o argentino.

De acordo com Jorge Bergoglio, a miséria "constringe à condição de extrema indigência" e "afeta também a dimensão espiritual".

"Encontrar os pobres permite acabar com tantas ansiedades e medos inconsistentes, para atracar àquilo que verdadeiramente importa na vida e que ninguém nos pode roubar: o amor verdadeiro e gratuito. Na realidade, os pobres, antes de ser objeto da nossa esmola, são sujeitos que ajudam a libertar-nos das armadilhas da inquietação e da superficialidade", defendeu.

Além disso, o Papa reforça que, no combate à pobreza, é preciso superar as "retóricas" para "arregaçar as mangas e pôr em prática a fé através de um envolvimento direto, que não pode ser delegado a ninguém".

A mensagem alerta também para "comportamentos incoerentes" dos cristãos, devido a um "apego excessivo ao dinheiro" e reflete sobre o estilo de vida e as "inúmeras pobrezas" do mundo contemporâneo.

"Sabemos que o problema não está no dinheiro em si, pois faz parte da vida diária das pessoas e das relações sociais. Devemos refletir, sim, sobre o valor que o dinheiro tem para nós: não pode tornar-se um absoluto, como se fosse o objetivo principal", ressalta.

Por fim, Francisco explica que "nada de mais nocivo poderia acontecer a um cristão e a uma comunidade do que ser ofuscados pelo ídolo da riqueza, que acaba por acorrentar a uma visão efêmera e falhada da vida".

O dia também é marcado por um almoço oferecido pelo Vaticano no Auditório Paulo VI para um grupo de pessoas desfavorecidas.

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