O Repórter

Papa pede que guerra na Ucrânia não faça mundo esquecer da Síria

Francisco lembrou do conflito em encontro com greco-católicos

Por Agência Ansa
20 de junho de 2022 às 10:42
Atualizada em 20 de junho de 2022 às 10:45
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Ansa
Papa recebeu bispos da Igreja Greco-Católica Melequita no Vaticano
Papa recebeu bispos da Igreja Greco-Católica Melequita no Vaticano

CIDADE DO VATICANO - O papa Francisco recebeu nesta segunda-feira (20) um grupo de bispos da Igreja Greco-Católica Melquita no Vaticano e fez um apelo para que o mundo não esqueça da guerra na Síria por conta do atual conflito que afeta a Europa, com os combates na Ucrânia. Os religiosos farão um sínodo em Roma.

"Os dramas dos últimos meses, que tristemente nos obrigam a olhar para o leste da Europa, não devem nos fazer esquecer o que há 12 anos ocorre na vossa terra. [...] Milhares de mortos e feridos, milhões de deslocados internos, a impossibilidade de iniciar uma necessária reconstrução", afirmou aos religiosos.

Ainda em seu discurso, Francisco lembrou que, "em mais de uma ocasião, encontrei e senti os relatos de alguns jovens sírios que vieram aqui, e que me atingiram com o drama que traziam dentro de si, por tudo que viveram e viram, mas também com o seu olhar, quase sem esperança, incapazes de sonhar com um futuro para sua terra".

"Não podemos permitir que a última faísca de esperança seja tirada dos olhos e dos corações dos jovens e das famílias. Renovo o apelo para todos que têm responsabilidades, dentro do país e na comunidade internacional, para que se possa chegar a uma solução justa e equilibrada ao drama da Síria", pontuou ainda.

O líder da Igreja Católica Romana ainda destacou a importância dos membros da instituição terem solicitado que a cerimônia inicial do sínodo ocorresse junto às sepulturas dos "santos apóstolos Pedro e Paulo".

"Nós temos a necessidade de intercessão deles porque também no nosso tempo, em uma sociedade que alguns definem como 'líquida', onde os laços rápidos multiplicam a solidão e o abandono dos mais frágeis, a comunidade cristã precisa ter a coragem de testemunhar em nome de Cristo", pontuou ainda.

Francisco ainda lembrou de um outro momento que os fiéis rezaram pela Síria no Vaticano. "Eu lembro, que no primeiro ano do pontificado, quando estava sendo preparado um bombardeio na Síria, nós convocamos uma noite de orações aqui, na [Praça] São Pedro, onde tínhamos o Santíssimo e a praça cheia que rezava.

Também haviam muçulmanos, que trouxeram seus tapetes e rezavam conosco. Dali nasceu a expressão "amada e martirizada Síria", ressaltou.

A guerra da Síria foi iniciada em 2011, no embalo dos protestos do que ficou conhecido como Primavera Árabe, mas até hoje não há solução para os conflitos que continuam a matar e a forçar os civis a abandonarem suas residências. Segundo os últimos dados das Nações Unidas, mais de 90% da população vive hoje abaixo da linha da pobreza por conta dos conflitos sem fim.

Os ataques ainda provocam o maior número de refugiados no mundo, com quase sete milhões de pessoas precisando abandonar o território desde o início da guerra e outros seis milhões de deslocados internos. Já as mortes são estimadas em cerca de 350 mil.

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