O Repórter

Líderes europeus visitam Kiev e defendem adesão à UE

Scholz, Macron e Draghi se reuniram com Zelensky

Por Agência Ansa
16 de junho de 2022 às 12:58
Atualizada em 16 de junho de 2022 às 13:06
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EPA
Visita de líderes europeus à Ucrânia
Visita de líderes europeus à Ucrânia

KIEV - Os líderes dos três países mais poderosos da União Europeia visitaram Kiev nesta quinta-feira (16) para expressar solidariedade à Ucrânia na invasão promovida pela Rússia.

O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, o presidente da França, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, chegaram na capital ucraniana de trem e se reuniram com o presidente Volodymyr Zelensky, que pede mais armas e recursos do Ocidente para combater as tropas invasoras.



"Viemos para passar uma mensagem de união da Europa para todos os cidadãos ucranianos, porque as próximas semanas serão muito difíceis", afirmou Macron ao desembarcar em Kiev.

As sirenes antiaéreas soaram duas vezes durante a visita dos três líderes, mas isso não impediu que eles fossem a Irpin, cidade dos arredores de Kiev devastada durante a ocupação russa, em março passado. "Vocês têm o mundo do seu lado", disse Draghi para autoridades locais, em frente a prédios bombardeados no município.

"Tudo isso precisa ser visto e conhecido. Aqui é um lugar de destruição, mas também de esperança. Muito do que me falaram diz respeito ao futuro e à reconstrução", acrescentou o primeiro-ministro italiano.

Já Macron declarou que os massacres perpetrados em cidades como Irpin e Bucha, também na região de Kiev, são "crimes de guerra" e salientou que a Ucrânia precisa ser abastecida com "armamentos de defesa mais eficazes". "A Ucrânia precisa resistir e vencer", reforçou o presidente.

Reunião

A reunião com Zelensky ocorreu após a visita a Irpin e também teve a participação do presidente da Romênia, Klaus Iohannis.

Além do fornecimento de armas, o encontro girou em torno do pedido de adesão da Ucrânia à União Europeia e da iminente crise alimentar no planeta por conta do bloqueio naval imposto pela Rússia aos portos ucranianos no Mar Negro, impossibilitando a exportação de grãos.

Além disso, Zelensky aceitou um convite da Alemanha para participar da próxima cúpula de líderes do G7, entre 26 e 28 de junho, na Baviera.

"Caros amigos, apreciamos que vocês estejam conosco hoje, às vésperas de importantes eventos internacionais para todos nós e a Europa. E sou muito grato pelo fato de a visita ter começado em Irpin, para que vocês pudessem ver o que os invasores russos fizeram", declarou Zelensky em uma coletiva de imprensa conjunta com os quatro líderes da UE, antes de pedir armas "mais pesadas e modernas".

"Precisamos de ajuda. Cada arma é uma vida humana salva. Cada adiamento aumenta a possibilidade de os russos matarem ucranianos e destruírem nossas cidades", acrescentou.

Draghi, que enfrenta resistência em seu governo para mandar mais armas à Ucrânia, disse querer a "paz", mas ressaltou que Kiev tem o direito de se defender. "É a Ucrânia que deve escolher a paz que ela quiser, aquela que for aceitável para seu povo. Apenas assim a paz será duradoura", afirmou.

O premiê também garantiu que a Itália quer que a Ucrânia receba o status de país-candidato à União Europeia, tema que será discutido em uma reunião de líderes do bloco entre 23 e 24 de junho, e alertou que o tempo para desbloquear os portos ucranianos e evitar uma crise alimentar está acabando.

"Temos duas semanas para desminar os portos. Uma série de prazos cada vez mais urgentes nos aproxima do drama inexoravelmente. É preciso criar corredores seguros com máxima urgência para o transporte dos grãos e evitar uma catástrofe", ressaltou.

Macron e Scholz também defenderam a concessão do status de país-candidato à Ucrânia, o que iniciaria formalmente o processo de adesão. "A Alemanha apoia uma decisão favorável para a Ucrânia, e isso também vale para a Moldávia", explicou o chanceler.

"A Ucrânia faz parte da Europa, e essa guerra mudará a história da Europa. Estamos do lado da Ucrânia para acompanhá-la nessa perspectiva. Todos os nossos quatro países apoiarão o status de candidato", garantiu o presidente francês.

Da parte da Rússia, a reunião em Kiev foi recebida com ironia. "Os fãs europeus de rãs, salsichas e espaguete amam visitar Kiev. Com nenhuma utilidade", escreveu no Twitter o vice-presidente do Conselho de Segurança do país, Dmitry Medvedev, alertando que as promessas da UE "não aproximam a Ucrânia da paz".

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