O Repórter

Número de deslocados no mundo bate recorde em 2021

Acnur divulgou nova edição do relatório ¨Tendências Globais¨

Por Agência Ansa
16 de junho de 2022 às 12:30
Atualizada em 16 de junho de 2022 às 12:33
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EPA
Mulher etíope com seu filho pequeno em campo de refugiados no Sudão; conflito em Tigré contribuiu para aumento do número de deslocados
Mulher etíope com seu filho pequeno em campo de refugiados no Sudão; conflito em Tigré contribuiu para aumento do número de deslocados

ROMA - O número de pessoas forçadas a fugir de suas casas bateu um novo recorde, de acordo com o levantamento anual do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), divulgado nesta quinta-feira (16).

Segundo o relatório "Tendências Globais", o mundo fechou 2021 com 89,3 milhões de deslocados, um aumento de 8% em relação a 2020 e "bem mais que o dobro" da cifra verificada há 10 anos.

Como os dados se referem ao ano passado, eles ainda não contabilizam os efeitos da guerra na Ucrânia, e a própria ONU estima que o total de deslocados no planeta já tenha ultrapassado a marca de 100 milhões em 2022.

"Os números subiram em todos os anos da última década. Ou a comunidade internacional se une para enfrentar essa tragédia humana, resolver conflitos e encontrar soluções duráveis, ou essa tendência terrível continuará", disse o alto comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi.

De acordo com o relatório do Acnur, o mundo encerrou 2021 com 53,2 milhões de pessoas deslocadas dentro de seus próprios países, 27,1 milhões de refugiados (sendo 21,3 milhões sob mandato da agência e 5,8 milhões da Palestina), 4,6 milhões de solicitantes de refúgio e 4,4 milhões de venezuelanos que fugiram para o exterior, mas não pediram refúgio.

Além disso, 83% dos refugiados do mundo são acolhidos por países de renda baixa ou média, e 72% dos deslocados internacionais buscam abrigo em nações vizinhas.

Os principais países de destino de refugiados em termos absolutos são Turquia (3,8 milhões), Uganda (1,5 milhão), Paquistão (1,5 milhão) e Alemanha (1,3 milhão). Em termos per capita, o líder do ranking é o Líbano, com um refugiado para cada oito habitantes, seguido por Jordânia (1/14) e Turquia (1/23).

Mais de dois terços (69%) das pessoas refugiadas sob mandato do Acnur são originárias de apenas cinco países: Síria (6,8 milhões), Venezuela (4,6 milhões), Afeganistão (2,7 milhões), Sudão do Sul (2,4 milhões) e Myanmar (1,2 milhão).

Os solicitantes de refúgio apresentaram no ano passado 1,4 milhão de novos pedidos, com destaque para EUA (188,9 mil solicitações recebidas), Alemanha (148,2 mil), México (132,7 mil), Costa Rica (108,5 mil) e França (90,2 mil).

O relatório cita que o ano passado teve o recrudescimento de antigos conflitos e o surgimento de novos confrontos. De acordo com o Banco Mundial, 23 países foram palcos de guerras de média ou alta intensidade em 2021, englobando uma população de 850 milhões de pessoas.

Em Myanmar, por exemplo, o aumento da violência impulsionou o crescimento da cifra de deslocados internos, bem como o conflito em Tigré, na Etiópia, e revoltas no Sudão, no Chade e em Burkina Fasso.

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